Publicado em: 10/11/2018 - 15:36
Fonte da ilustração: https://cleofas.com.br/8-coisas-que-precisa-saber-sobre-a-imaculada-conceicao/
(8 DE DEZEMBRO)
“És toda bela, minha amada, e não tens um só defeito.” (Ct 4,7)
“Que soy era Immaculada Councepciou”.
Essa foi a resposta, em dialeto local, que a adolescente Bernadette ouviu da ‘Senhora’ que encontrara, por diversas vezes, na gruta de onde costumava retirar água, perto de Lourdes, na França. Era o dia 25 de março de 1858.
Pobre e analfabeta, Bernadette recebeu, finalmente, o crédito do que vinha falando, somente quando repetiu ao pároco local o nome da ‘Senhora’ como ela lhe havia dito lá na gruta: “Eu sou a Imaculada Conceição”.
Contudo, às suas primeiras notícias sobre o encontro com a ‘Senhora’, a população já acorria à gruta, ali presenciando acontecimentos extraordinários, dentre outros, a água que jorrou (e ainda jorra) pura cristalina, bem como as curas aparentemente milagrosas.
Levou tempos para que a Igreja, procedendo à investigação do relato com a devida cautela, tornasse oficial o reconhecimento das aparições de Nossa Senhora naquele local como sendo um milagre verdadeiro.
Mas o culto à Maria, com esse mesmo título ou denominação já era reconhecido, eis que em 8 de dezembro de 1854, portanto quatro anos antes de suas aparições em Lourdes, o Papa Pio IX já fizera a definição oficial do dogma (matéria de fé), da Imaculada Conceição de Maria como consta da Bula Ineffabilis Deus:
Em honra da santa e indivisa Trindade, para decoro e ornamento da Virgem Mãe de Deus, para exaltação da fé católica, e para incremento da religião cristã, com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e com a nossa, declaramos, pronunciamos e definimos a doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha depecado original, essa doutrina foi revelada por Deus e, portanto, deve ser sólida e constantemente crida por todos os fiéis.
Mas, de onde vem, para nós, a expectativa desse fato?
Reportando-nos à citação acima, do livro Cântico dos Cânticos, todo ele um “canto de amor” como metáfora do amor humano entre um homem e uma mulher, temos em seu Capítulo 4 o Quinto Poema, em que o Amado (como figura de um futuro Messias) elogia a beleza de sua Amada (figura de uma virgem sem mácula para ser a sua portadora).
Contudo, o propósito salvífico de Deus, nos vem desde a Criação quando, por meio de uma mulher, o pecado entra no mundo. Assim Deus sentencia:
“Porei hostilidade entre ti e a mulher, entre tua linhagem e a dela. Ela te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar.” (Gn 3, 15)
De fato, ao aludir a um futuro Messias Salvador, Deus nos anuncia também a mulher que será a Sua Mãe e, como tal, integralmente imune e perenemente hostil ao pecado, ali representado pela serpente.
Como estas, outras passagens do Antigo Testamento contém alusões que podemos identificar com Maria: Sião, o Templo Santo, Casa onde mora Deus (Sl 2, 6); a sarça milagrosamente intacta, eis que arde e não se consome (Ex 3, 2); a Arca da Aliança, de madeira preciosa e incorruptível que conterá a Lei, Palavra de Deus (Ex 25, 10-22); as diversas mulheres como Abigail, Judite, Débora e Ester que, por seus valorosos protagonismos na defesa do antigo povo, pre-anunciam a missão de Maria.
Já no Novo Testamento, iremos encontrar a primeira referência a Maria no relato da ascendência de Jesus (Mt 1, 16), no episódio da anunciação (Lc 1, 27) e nas Bodas de Caná, quando Maria adverte os empregados para que “façam tudo o que Ele (Jesus) vos mandar” (Jo 2, 1-5). No entanto, ainda que inesperadamente em poucas linhas, sua presença no Novo Testamento é precisa, marcante e decisiva para a missão de Seu Filho, como também da sua própria, para nossa salvação.
Mas, no que concerne às palavras que identificam este título de Maria, o que podemos entender?
Do texto do respectivo decreto acima podemos tirar ilações no sentido de que somente por uma mulher perfeita, intacta, sem mácula e inteiramente preservada do pecado desde sua concepção por seus pais Joaquim e Ana (concepção, daí Conceição), é que Deus nos enviaria, como definitivamente nos enviou, o Verbo, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, para que, concebido pelo Espírito Santo, viesse a se encarnar para – como Homem – viver entre nós.
Na solenidade mariana que celebramos no dia 8 de dezembro, são proclamadas as leituras: - Gn 3, 9-15.20; - Sl 97; - Ef 1, 3-6.11-12; - Lc 1, 26-38.
E para que bem dela participemos, procuremos refletir sobre o que Deus nos está dizendo, como também, desde já, peçamos e agradeçamos a intercessão de Maria.
Fontes:
- Bíblia de Jerusalém, Paulus, 2002.
- Imaculada Conceição, Wikipédia, 07/10/2016
- ALVAREZ, Rodrigo, Maria, Ed. Globo, 2015, pp. 178 a 185.
- Orações a Nossa Senhora, Paulinas, 2002, p. 40.