Publicado em: 30/11/2018 - 21:18
“Vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós e de Deus recebestes; e por isso não mais pertenceis a vós mesmos, pois fostes comprados por preço bem alto.” (1Cor 6,19-20)
O que significa “não mais pertenceis a vós mesmos”?
Nós, que nos acostumamos à presença dos santos representados em figuras ou esculturas nos templos e em nossas casas, supomos, às vezes, que santos são apenas pessoas que já morreram e que, reconhecidos pela Igreja como justos e recebendo a canonização, têm seus nomes proclamados pela Igreja, e assim que podemos invocá-los como nossos intercessores.
Porém, o conceito de santidade é mais amplo e profundo.
No Antigo Testamento, chamavam-se santos os “eleitos dos tempos escatológicos”. Já no Novo Testamento esse conceito se amplia, sendo dado aos membros das primeiras comunidades cristãs catequisadas pelos Apóstolos, depois aos irmãos da Judéia e, finalmente a todos os fiéis como podemos conferir (At 9,13. 31-41; Rm 16,2; 1Co 16,1; 2Cor 1,1.13,12; Ef 3,5).
A nosso respeito hoje, como cristãos, pode-se falar que somos santos, eis que, pelo Espírito Santo recebido no sacramento batismal, todos participamos da “própria santidade divina”.
Assim escrevem os teólogos: *
“Formando a verdadeira “nação santa” e o “sacerdócio real”, constituindo o “templo santo” (1Pd 2,9; Ef 2,21) devem os cristãos render a Deus o culto verdadeiro, oferecendo-se com Cristo num “sacrifício santo”. (Rm 12,1; 15, 16; Fp 2,17)
Acentuam eles que, como escolhidos e chamados à santidade, devemos romper com o pecado e proceder conforme a santidade que vem de Deus e não segundo a sabedoria do mundo. E, mais ainda, que essa exigência fundamenta-se no fato de que o cristão “apreendido por Cristo” deve “participar em seus sofrimentos e em sua morte para chegar à sua ressurreição”. (Fp 3,10.14)
Assim, com essa Palavra abundante e rica, podemos, sim, compreender porque não mais pertencemos a nós mesmos, como também não mais pertencemos a este mundo repleto de iniquidades e, por isso, bom será que projetemos para a eternidade a definitiva e imperdível esperança da santidade diante do que nos anuncia o profeta a respeito do fim dos tempos:
“E muitos dos que dormem no solo poeirento acordarão... os que são esclarecidos resplandecerão, como o resplendor do firmamento; e os que ensinam a muitos a justiça serão como as estrelas, por toda a eternidade.” (Dn 12, 2-3)
Finalmente, é a Palavra do próprio Deus que nos vem desde seu antigo povo:
“EU SOU O SENHOR, O VOSSO DEUS. FOSTES SANTIFICADOS E VOS TORNASTES SANTOS, POIS EU SOU SANTO.” (Lv 11, 44a)
Fonte: LÉON- DUFOUR e outros, Vocabulário de Teologia Bíblica, Ed. Vozes, 1977, pp 947/952