Publicado em: 31/12/2018 - 20:12
Fonte da ilustração: https://cleofas.com.br/santa-maria-mae-de-deus/
Ofício Solene da Oitava do Natal, 1º de janeiro
“Maria, então disse: A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humilhação de Sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada, pois o Todo poderoso fez grandes coisas por mim.” (Lc 1, 46-47)
Reconhecendo-se como Mãe do Senhor (cf. Lc 1, 42), a exultação de Maria no alvorecer do Novo Testamento liga-se à oração de Ana quando, cerca de mil anos antes, também agradece a Deus logo que Lhe consagra seu filho Samuel (cf. 1Sm 2, 1-10).
Entre aquela mãe e esta tem-se a “evocação” de um Rei-Messias que – antes – haveria de vir e que – agora – certamente vem.
O primeiro dia do ano a Igreja o dedica a Maria como MÃE DE DEUS, quando nos são proclamadas as Palavras tiradas de Nm 6, 22-27: bênção que Deus entrega a Moisés, a resposta do Salmo 66(67) no qual pedimos a Deus que nos abençoe, a Carta de Paulo aos Gálatas 4, 4-7 que acentua nossa adoção filial a Deus por meio de Jesus e o Evangelho de Lucas 2, 16-21 que, narrando a visita dos pastores ao Menino, evidencia Sua manifestação aos simples de todas as épocas e em todos os lugares do mundo.
Quem é a Mãe de Deus e por que a celebramos no alvorecer de um novo ano?
Certamente já a conhecemos, pois celebramos na festa de sua Imaculada Conceição em 08 de dezembro ter sido escolhida por Deus, desde antes de sua concepção, para ser especialmente preparada para receber- COMO MÃE - o Seu Filho, Salvador.
Nessas condições, seu protagonismo não ficará restrito a dar à luz um menino Filho de Deus, mas a de cria-Lo, educa-Lo, acompanha-Lo e de ser participante ativa em Sua missão, o que ela saberá – dolorosamente - aos pés da cruz.
A rica bibliografia sobre Maria nos mostra que ela foi uma mãe como tantas outras, que aceita o filho em quaisquer circunstâncias, que o ama como ele é, que o cria com dedicação a despeito de dificuldades, que aceita sofrer por e com ele e se alegra com os momentos de seu crescimento que, visualizando o que Ele poderia fazer e, querendo colaborar, ouve seu filho dizer que “sua hora ainda não chegou...” e que O vê – adulto - deixar a casa para sair em missão... Mas, antes, Maria já soubera que, por causa desse filho, uma espada atravessaria sua alma (cf. Lc 2, 35)!
O que Maria pensava disso tudo?
Diz Lucas que ela “conservava cuidadosamente todos esses acontecimentos e os meditava em seu coração” (Lc 2, 19).
E Maria, sendo jovem e virgem, mostrou imensa confiança em Deus e coragem para enfrentar eventual maledicência quando disse SIM ao convite que lhe faz por meio de um anjo (cf. Lc 1, 38), para ser Mãe de Seu Filho, pelo que nela Ele é gerado pelo Espírito Santo.
Maria, jovem mulher do povo, parente de Isabel (a mãe de João Batista), esposa de José, é a primeira e perfeita testemunha de que seu filho é o Filho do Altíssimo (cf. Lc 1, 32).
Se nós sabemos por que festejamos MARIA tão efusivamente no primeiro dia de cada ano, saibamos também que:
a) Seu título como MÃE DE DEUS ou THEOTOKOS, como se chama em grego, em vista de que Jesus, Filho de Deus é, realmente Seu Filho encarnado em Maria, é o primeiro dogma (verdade incontestável da fé católica), proclamado no Concílio de Éfeso no ano 431 (século V de nossa era);
b) No terceiro século já se invocava Maria como MÃE DE DEUS;
c) A solenidade da Santa MÃE DE DEUS foi, por muito tempo no calendário romano, a única dedicada a Maria, celebração que se expandiu no Oriente e no Ocidente após a proclamação do dogma de sua maternidade. *
Acerca do “mistério da reconciliação”, pelo protagonismo de Maria no plano salvífico de Deus para nós, ensina-nos São Leão Magno que:
“Se o homem novo, revestido de uma carne semelhante à do pecado (cf. Rm 8, 3) não tivesse assumido a nossa condição envelhecida pelo pecado; se ele, consubstancial ao Pai, não se tivesse dignado ser também consubstancial à Mãe e unir a si nossa natureza, com exceção do pecado, a humanidade teria permanecido cativa sob o jugo do demônio; e não poderíamos nos beneficiar do triunfo do Vencedor, se esta vitória fosse obtida numa natureza diferente da nossa.” **
De fato, sendo Maria também a nossa Mãe (cf. Jo 19, 26-27) tudo isto e muito mais a este respeito é para bem pensarmos e praticarmos no decorrer de todo o ano.
Feliz Ano Novo!
*Fonseca, Joaquim, Fr.OFM, Cantar a Liturgia, in O DOMINGO, 16/12/2018, P.4
**Liturgia das Horas I, pp. 287/288.
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